Sim, seria um crime estilhaçar uma revista em quadrinhos com histórias criadas por mestres como Moebius, Enki Bilal, Juan Gimenez, Jodorowsky, Milo Manara, Richard Corben, Daniel Torres e muitos outros. E nós nos envergonharíamos tremendamente ao cometer tal crime. Quando participamos do Mega Bazar Lúdica, em Curitiba, uma das dúvidas mais recorrentes era: “Como vocês podem fazer isso com uma revista em quadrinhos?”
A explicação era sempre a mesma: nunca destruímos uma revista em quadrinhos em bom estado — utilizamos apenas exemplares avariados, faltando páginas ou com outros problemas que os condenariam ao lixo. O que fazemos, ao usar os quadrinhos originais nas capas das coleções de Corrupios HQ, é quase como uma doação de órgãos — uma sobrevida para revistas que poderiam virar polpa de papel (ou pior). Nesse processo, colocamos em prática o conceito de upcycling, na falta de um termo melhor em português.
Como colecionador de HQs desde que aprendi a ler, eu jamais teria coragem de destruir uma revista em boas condições para fazer as capas dos Corrupios. Por isso, este é o momento de revelar um segredo bem guardado — algo que eu não pretendia contar, mas que se faz necessário para que nossos clientes entendam que não somos mercenários:
Há alguns anos, um amigo me ligou pedindo ajuda. Ele estava se mudando para um apartamento menor e precisava se desfazer de sua grande coleção de quadrinhos. Como achava um desaforo o preço que os sebos ofereciam pela coleção, decidiu doá-la para mim. Mas eu precisava ser rápido, pois ele deveria desocupar o apartamento o quanto antes. Não pensei duas vezes: desliguei o telefone e corri até a casa dele. Eu estava no paraíso! Entre outros achados, estava a coleção completa da revista Heavy Metal americana, desde 1977.
Chegando em casa, tratei de colocar todo aquele material fantástico em minha estante. Só algum tempo depois tive oportunidade de folhear algumas das preciosidades que meu amigo havia me dado. A primeira pilha que resolvi examinar foi a Heavy Metal. Peguei a edição de outono de 1986, com a história The Trapped Women, de Jodorowsky. No entanto, ao folhear a revista, algo me chamou a atenção: todos os quadros em que seios, nádegas e genitais de personagens deveriam aparecer estavam cobertos por uma tarja preta de giz de cera, pintada à mão. Além disso, páginas com cenas de nudez mais intensa haviam sido simplesmente arrancadas.
Quem poderia ter feito aquilo — meu amigo ou uma esposa castradora? Inconsolável, peguei a próxima revista, e qual não foi minha indignada surpresa ao perceber que ela também estava assim! Prevendo o desastre, passei a folhear nervosamente todas as outras revistas e, infelizmente, constatei depois de horas que não havia uma única edição da coleção Heavy Metal intacta. Confesso que, naquele momento, tive vontade de ligar para meu amigo e falar umas boas, mas isso só o envergonharia ainda mais — afinal, ele havia me dado todo aquele material. Com o tempo, descobri que outros títulos haviam sido vítimas da mesma censura exagerada.
Qualquer colecionador sabe que essas avarias arruínam completamente uma peça, mas, felizmente, surgiram os Corrupios — e assim podemos reaproveitar as páginas ainda saudáveis dessas revistas.
A verdade por trás dos Corrupios HQs!
Sim, seria um crime estilhaçar uma revista em quadrinhos com histórias criadas por mestres como Moebius, Enki Bilal, Juan Gimenez, Jodorowsky, Milo Manara, Richard Corben, Daniel Torres e muitos outros. E nós nos envergonharíamos tremendamente ao cometer tal crime. Quando participamos do Mega Bazar Lúdica, em Curitiba, uma das dúvidas mais recorrentes era: “Como vocês podem fazer isso com uma revista em quadrinhos?”
A explicação era sempre a mesma: nunca destruímos uma revista em quadrinhos em bom estado — utilizamos apenas exemplares avariados, faltando páginas ou com outros problemas que os condenariam ao lixo. O que fazemos, ao usar os quadrinhos originais nas capas das coleções de Corrupios HQ, é quase como uma doação de órgãos — uma sobrevida para revistas que poderiam virar polpa de papel (ou pior). Nesse processo, colocamos em prática o conceito de upcycling, na falta de um termo melhor em português.
Como colecionador de HQs desde que aprendi a ler, eu jamais teria coragem de destruir uma revista em boas condições para fazer as capas dos Corrupios. Por isso, este é o momento de revelar um segredo bem guardado — algo que eu não pretendia contar, mas que se faz necessário para que nossos clientes entendam que não somos mercenários:
Há alguns anos, um amigo me ligou pedindo ajuda. Ele estava se mudando para um apartamento menor e precisava se desfazer de sua grande coleção de quadrinhos. Como achava um desaforo o preço que os sebos ofereciam pela coleção, decidiu doá-la para mim. Mas eu precisava ser rápido, pois ele deveria desocupar o apartamento o quanto antes. Não pensei duas vezes: desliguei o telefone e corri até a casa dele. Eu estava no paraíso! Entre outros achados, estava a coleção completa da revista Heavy Metal americana, desde 1977.
Chegando em casa, tratei de colocar todo aquele material fantástico em minha estante. Só algum tempo depois tive oportunidade de folhear algumas das preciosidades que meu amigo havia me dado. A primeira pilha que resolvi examinar foi a Heavy Metal. Peguei a edição de outono de 1986, com a história The Trapped Women, de Jodorowsky. No entanto, ao folhear a revista, algo me chamou a atenção: todos os quadros em que seios, nádegas e genitais de personagens deveriam aparecer estavam cobertos por uma tarja preta de giz de cera, pintada à mão. Além disso, páginas com cenas de nudez mais intensa haviam sido simplesmente arrancadas.
Quem poderia ter feito aquilo — meu amigo ou uma esposa castradora? Inconsolável, peguei a próxima revista, e qual não foi minha indignada surpresa ao perceber que ela também estava assim! Prevendo o desastre, passei a folhear nervosamente todas as outras revistas e, infelizmente, constatei depois de horas que não havia uma única edição da coleção Heavy Metal intacta. Confesso que, naquele momento, tive vontade de ligar para meu amigo e falar umas boas, mas isso só o envergonharia ainda mais — afinal, ele havia me dado todo aquele material. Com o tempo, descobri que outros títulos haviam sido vítimas da mesma censura exagerada.
Qualquer colecionador sabe que essas avarias arruínam completamente uma peça, mas, felizmente, surgiram os Corrupios — e assim podemos reaproveitar as páginas ainda saudáveis dessas revistas.
4 respostas para “A verdade por trás dos Corrupios HQs!”
Marina
Nossa, que coisa mais criminosa! E censurar a Heavy Metal ainda por cima, não deve ter sobrado muita coisa delas, né? rs
Ainda bem que as pobres HQs encontraram um lar onde puderam renascer como Corrupios sensacionais! São os meus favoritos absolutos!
kiki
poxa, então nunca vou poder ter um corrupios erótico? +_+
Aleph
@Marina e @kiki: por sorte a canetada da censora deixou escapar algumas boas cenas :)) mas é realmente um absurdo e difícil de acreditar.
ANGÉLICA CIRNE
Triste mas que bom que elas tem seu destino não bem aproveitado, mas fiquei super curiosa pra saber quem teria riscado as imagens.
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