A Corrupiola tem dois quartéis generais, um em nosso apartamento no oitavo andar, no meio de uma cidade que cresce cada vez mais rápido e onde a maior parte do que vemos pela janela é concreto e outro a sete quilômetros de distância, em um local mais calmo e cercado com um pouco de verde. No primeiro espaço executamos as tarefas mais leves, como dobrar papéis; prensar e guilhotinar os Corrupios; interagir com nossos clientes e preparar as encomendas para viagem. Enquanto em nosso atelier trabalhamos com as impressões em serigrafia e tipografia.
E é nesse espaço cercado por verde que eventualmente recebemos a visita de companheiros inesperados, que vem verificar o nosso trabalho e averiguar quem são esses invasores gigantes e bípedes. Alguns são mais conhecidos, como as formigas e lagartixas, enquanto outros são mais exóticos e imponentes, como Jarbas, esse inseto com um grande “bigode” ou Parangolé com as patas traseiras e o abdômen decorado. Entrando no jardim encontramos também as lagartas devorando as folhas de couve para depois recolherem-se em seus casulos e tornarem-se borboletas. Alimentando-se das folhas também estão os pulgões e descansando ao sol está Rubens, a mosca. Por último temos a lagartixa Mafalda e o percevejo Juvenal e a cigarra Letícia, com as gavetas tipográficas ao fundo. E são eles que nos vigiam dia e noite, com seus olhos répteis ou insectóides e multifacetados. Enquanto isso nossos olhos mamíferos se concentram na maneira como a tinta escorre no papel e na profundidade do relevo da tipografia.